Uma vez eu torci o pé, e não pude ir
à academia, fui trabalhar de tênis, a dor incomodava.
Nesses dias, eu pensei como somos
frágeis e que quando tudo está em perfeita ordem, esquecemos de
observar cada detalhe do nosso corpo, tudo funcionando certinho.
Outro dia, eu estava no trânsito
caótico e um rapaz buzinava para que o carro da frente cruzasse logo
a rua. Aquilo me incomodou, porque ele estava com a família no
carro e querendo que a outra pessoa arrebentasse o carro, provocasse
um acidente pela pressa dele.
E tudo vai acontecendo tão automático,
que morrer virou número, estatística.Não entendi o motivo daquele
escândalo, sendo que não tinha ninguém ferido no carro. Acho que
foi apenas para expor o ódio que ele sente dele mesmo, pelos
fracassos, pressões.
Eu só queria sair daquele trânsito,
daquele sol. Queria chegar logo na minha casa, meu quarto.
Queria sinceramente que a gentileza
estivesse mais presente no comportamento humano, mas a luta para
sobreviver derrotou a gentileza, o lirismo, o lado poético da vida.