sábado, 28 de fevereiro de 2015

O poema

Meu falecido tio era vendedor de livros, eu amava ir à casa dele, porque além de ser muito bem tratada e mimada, eu ficava folheando os livros infantis, as enciclopédias caríssimas na época, todos os livros que o tempo permitisse.
Observando meu interesse, ele disse: - Escolhe um livro.
Eu escolhi um livro de Curso Prático de Redação - Língua e Literatura de 256 páginas, e me apaixonei por um poema de Casimiro de Abreu. O primeiro poema que decorei aos dez anos de idade, não para citar, impressionar. Poema que eu decorei para a vida.


" Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais ! (...) "


[ Trecho do poema: Meus oito anos – Casimiro de Abreu ]


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Desajustados

Acostumados aos olhares tortos,ficavam fora da roda.
Eram os indesejados,os desajustados.Aqueles que confrontavam opiniões equivocadas e não levavam desaforos para seus quartos.
Buscavam o lado mais dolorido e denso da palavra,o que causava desconforto,porque só assim seriam diferentes e imbatíveis.
Os encontros aconteciam para a troca cultural,o embate.Muita música,literatura,obras de arte,teatro underground.
Artistas nada convencionais; mas o enfrentamento ao pensamento patriarcal e a quebra das regras era também uma forma de libertação. A arte o alimento principal, a seiva.
Sempre à beira do abismo.Línguas afiadas.Sonhos.







Imagem - Obra de Arte: Monet 







Meu Livro