sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ainda bem que a arte me salva




Naquela mesa, daquele restaurante chiquérrimo, eu te olhava gesticulando e falando de como o dinheiro é importante, que o dinheiro compra tudo.
Eu sou uma artista e consequentemente não sou uma alienada; sei que o dinheiro compra e resolve muitas coisas, adoro ter dinheiro. Mas enquanto você falava percebi que não era mais você que dominava o querer, o ter, o exibir. Era o dinheiro que te escravizava nitidamente e ainda escraviza.
O ambiente refinado ficou pesado pra mim, eu continuava me sentindo sozinha mesmo com todos aqueles garçons à minha disposição, sorrindo forçadamente porque é assim que funciona quando você está num lugar que rola muita grana.
E as amizades também são forçadas porque precisa ter grana para andar com aquelas pessoas que você julga muito importante, mas que na verdade estão perdidas, tristes e sem afeto por você – elas querem (PRECISAM) de aceitação e por isso falam sem parar do relógio importado, o carro do ano, do terno cujo valor eu lançaria uns dois livros independentes (viu como eu sei como utilizar o dinheiro também?).
Fiquei estática, reflexiva, confusa e pensava que de fato tinha algo errado comigo porque eu não tenho essa necessidade de exibição material, sou extremamente discreta e acho cafona demais.
O tempo passou depois daquela noite tenebrosa, e aos poucos eu fui montando um quebra cabeça simples, vi que não existe nada de errado com meu jeito de ver e VIVER a vida. E tive a oportunidade de voltar em outro restaurante, agora sim com gente IMPORTANTE, mas que me deixaram tão à vontade, que me fizeram rir e foi ali que percebi o que é finesse.
O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas nunca irá comprar o carinho de uma pessoa, o afeto, a amizade.
O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas NUNCA comprará um protagonista, um leitor que te recebe em casa, uma amiga que vai te acompanhar numa palestra lotada para estudantes numa Faculdade durante uma Feira de Profissões porque você está nervosa e com medo e essa mesma amiga diz: " não desce do carro, eu vou ver com o segurança se tem um lugar melhor pra você estacionar ".
O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas nunca comprará a amizade de uma pessoa que sai da casa dela para ir almoçar com você no shopping porque está a passeio na cidade dela ou uma amiga que sempre te convida para almoçar porque, sei lá, gosta de conversar com você. Ou numa sexta-feira ser convidada pelo seu amigo-diretor de teatro para assistir filmes que foram exibidos em Cannes e se você não for rola barraco porque é amizade louca.
Não compra a lealdade de amigas (os) que mesmo sob um sol de 40°C vão te prestigiar numa mesa redonda e ficam conversando que até estourar o horário.
O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas eu te garanto que nunca comprará TALENTO, AFETO, CARISMA E BELEZA (algo como VÊNUS).




sábado, 5 de dezembro de 2015

Lacunas

Ao ler sobre o falecimento de Marília Pêra, lembrei que interpretou Coco Chanel no teatro com o texto da Maria Adelaide Amaral, cujo livro do monólogo dormiu ao meu lado com outro livro, só que de ficção.
Eu ficava e fico relendo as falas e pensando como Marília interpretava, as nuances, os silêncios, o entendimento do texto e a complexidade de Coco Chanel.
Um grande talento foi embora e me deixa triste. Mas também fico triste porque poucos talentos surgem para suprir as lacunas que essas grandes atrizes deixam.
Eu gosto dessa gente que vem do teatro, do palco, dos ensaios exaustivos, do ódio que sentem do diretor, do amor que sentem pelo diretor, do estudo, da entrega. Vejo pouco, vejo quase nada. O que vejo são pessoas pisando no palco sem leveza ( sim, precisa ter leveza ao pisar no sagrado ), o que vejo não me agrada, o que vejo não é teatro e nunca será.
Vi poucos atrizes e atores em cena com o subtexto martelando em sua emoção controlada; mas também vi consciência da totalidade da peça num olhar fixo, vi composição de personagem e muita desconstrução para colocar-se diante de uma platéia com todo o respeito que merecem.
Fernanda Montenegro disse numa entrevista que existem artistas, mas atores são poucos.
Eu que amo o drama, amava ver Marília em Pé na Cova. Sim, eu gosto da redação final do Miguel.
Sentirei saudades.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Praia Grande-Santos

Hoje eu senti saudades de ir até à padaria de chinelo, calça jeans, cabelo preso e sem maquiagem como fiz nos últimos dias.
Saudades do café e do queijo quente. E lembrei que a dona disse: " - Boa viagem, volte aqui mais vezes ", e que esqueci de falar tchau para o mocinho que me atendia todos os dias.
Lembrei da moça que dividiu seu guarda chuva comigo na orla naquela segunda-feira chuvosa em Santos e que caminharmos juntas até a Galeria perto do Shopping até ela dizer: - " Tchau, moça ! "
Depois comecei a rir e lembrei também de um menininho que durante o trajeto Santos-Praia Grande disse: " - Você sabia que essa avenida pode explodir ? Tem gás que passa por baixo ". Justo pra mim que tenho síndrome do pânico ( risos ).
Do mocinho que me ajudou com a mala, do cara que vai todas as noites na rodoviária da Praia Grande alimentar os cachorros que ficam por lá e que valeu meu dia, minha noite. Rindo lembrei do moço ao meu lado que disse: " Não chora, porque eu já estava chorando primeiro ! Qual é o seu nome ?
E ficamos conversando(...)
Eu vi muita gentileza esses dias, não sei se é assim com todos, mas eu tenho uma certa sorte que me acompanha e uma saudades das coisas e dos lugares também.
"Nós no comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuais uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos..."
Saí do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem
Tínhamos estado dezoito horas juntos..
A conversa agradável
A fraternidade da viagem.
Tive pena de sair do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim toda despedida é uma morte.
Nós no comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuais uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.
Tudo que é humano me comove porque sou homem.
Tudo me comove porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doutrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.
A criada que saiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...
Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.
[Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa]
Emoticon heart

domingo, 29 de novembro de 2015

Black Friday prolongada - Livro

Black Friday prolongada:
Estou viajando e por isso a Black Friday do meu livro de crônicas será prolongada !!!
Aceitarei os depósitos até dia 04/12 e os livros serão postados no dia 07/12. 
Vai com dedicatória e marcador de página ? Sim ! 
Envie um e-mail para: jusfair@bol.com.br para que informo as coordenadas.



domingo, 1 de novembro de 2015

Ser é doer


Aquela senhora olhando a chuva cair segurando as grades do portão tinha a mesma incerteza dos jovens: a vida, morte, tempo.
A menina também tinha suas angustias e me contava enquanto a chuva também molhava a avenida, a praça, os desabrigados. Tomávamos café e ela era muito gentil.
Ela não sabia nada de mim; o que me deixava mais confortável para escutá-la.
Sentimentos e questionamentos aconteciam ao mesmo tempo.
Um dia a menos, sempre será um dia a menos e não importa a sua força para não ver isso. Fingir que não percebe é mais doloroso do que aprofundar-se na rigidez da vida.


sábado, 10 de outubro de 2015

Parcialmente Nublado


Foi uma dia agradável por aqui, foi um dia parcialmente nublado que me deixou muito tranquila.
O silêncio é sempre um grande aliado. A leitura é o enriquecimento que te dá a escolha de decidir o que você aceita para a sua vida, o que você despreza, o que te faz bem e o que você quer.
Toda a forma de arte é uma elevação, não quero ser rasteira. Quero reflexões.

sábado, 12 de setembro de 2015

Gente que vai além

Eu acho que as pessoas são tristes mas disfarçam. Observe as pessoas quando acham que não estão sendo observadas; carregam um peso, uma feição cansada. Não conseguem extravasar a angústia porque seria confessar um mal estar e eu só conheço gente vitoriosa, feliz, incansável ( puro blefe ).
Mentira, tive a sorte de conhecer gente observadora, triste, feliz, louca, culta, que briga e depois faz as pazes. Gente que vai além do superficial, que arrisca, que assume os seus sonhos e luta por eles.
Essa gente é LIVRE. Acreditem.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Para anotar e praticar !

Para anotar e praticar:

- Prestigiar quem te prestigia;
- Convidar para festas/eventos/baladas quem te convida ( atenção para quem te convida quando está sem companhia );
- Ajudar quem te ajuda;
- Convidar para trabalhar, refiro-me à arte, quem te convida.
- Não oferecer a outra face ( NUNCA );
- AMAR você acima de todas as coisas;
- Não tolerar atitudes que te desagrada;
- Ter sempre gratidão com as pessoas que nessa caminhada da vida te estende a mão.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O moço


É o moço que levanta às cinco horas da madrugada para sustentar seus sonhos. O moço de pouco sorriso e olhar triste. O moço que ninguém vê na correria, o moço da calça jeans e os sapatos gastos.
É o moço da mochila nas costas, do mundo nas costas, do cansaço. O moço sozinho para chegar ao seu objetivo. É aquele moço negro da periferia que atravessa a cidade buscando uma oportunidade.
O moço que fica em silêncio quando é desprezado. O moço que abraça a mãe no almoço de Domingo, é o moço simples que assiste os programas populares e ri um pouco com os amigos para esquecer a dureza da vida.
Viver é uma arte, uma estratégia. Viver é dádiva e dor.
O moço, o motoboy que ganha a vida no trânsito, no sol, na chuva, na garra.
E como é bom chegar em casa são e salvo. É o moço que não tem uma estante de livros, nem conhece Mozart, Antony And The Johnsons – mas ele conhece o rap, que na maioria das letras é o retrato de um lugar, uma vida, um gueto.
É o moço que desconhece as palavras: sexismo, patriarcado, misógino, mas que respeita as mulheres, que viu a mãe sofrer violência e abraçou a causa; não aceita a violência com as demais. E sabe que elas são livres, batalhadoras, amigas.
Vida que desconheço e conheço quando entro no mundo desses moços.
É o moço que quer ser um Mc famoso, é a vontade de desistir que bate tarde da noite.
O moço que puxa o carrinho de papelão enquanto eu observo de dentro do carro, no congestionamento, na pressão.Se precisar, te ajudo irmão.




terça-feira, 11 de agosto de 2015

Vamos sonhar

Ó moça, pega sua fé bonita nos desejos do
seu coração e sai por aí abraçando a vida que
te espera.Te digo uma coisa : o sonho é bonito porque
salva.Vamos sonhar por dentro, deixa o mundo
amanhecer.




Ele sente, eu sei !

Ele sabe que eu sou dele nas noites estreladas,a beira mar,nos dias nublados e noites misteriosas.
A nossa energia é uma só quando eu beijo outros garotos.
Ele sente,eu sei !


sábado, 1 de agosto de 2015

Pão e Circo

A vida sempre me ensina muitas coisas, seja pelo amor ou pela dor.
E uma das lições mais importantes, aprendi com um ditado popular:
" Não dê pérolas aos porcos ".
Depois de refletir, analisar e observar; concluí que alguns não querem, outros não entendem e a maioria quer o superficial. " Pão e circo ".


segunda-feira, 27 de julho de 2015

É clichê, mas acredite

Esses dias senti vontade de escrever sobre aqueles encontros que você bate o olho e já simpatiza com o garoto.
E ele sorri com os amigos, ele nem te viu. Então você fica observando o jeito dele, o que está bebendo, o andar, a roupa, os gestos, e novamente o sorriso. E ele vai embora, você também.
O tempo passa, e outros garotos ganham sua atenção. Normal.
Até que um dia, o tal garoto está na entrada de uma casa noturna e você olha e pensa: “ Conheço de algum lugar “. E por isso mesmo continua olhando, até que ele sorri. Você sorri de volta e diz: - “ Acho que te conheço de algum lugar. É clichê, mas acredite “.
E ele responde: “ - E eu acho que te conheço dos meus sonhos “.

Sorrisos, estrelas, música, eu e ele.



terça-feira, 21 de julho de 2015

Invista em você

Segue sua vida, busca teu sonho e invista em você; porque o tempo não espera, quando você vê já anoiteceu e mais um dia aconteceu, venceu, surpreendeu.
E te digo uma coisa: não espere chegadas, não espere nada.
Faça a sua parte.



domingo, 19 de julho de 2015

sábado, 11 de julho de 2015

Ensolarada

Era engraçado, era até um alívio viver em seu mundo e não ter que aturar pessoas, situações.
Naquelas tardes ensolaradas em que o sol entrava pela janela grande e iluminava toda a sala, a alegria tinha seu lugar.
Os cabelos brilhavam ainda mais por causa da energia solar que pelo que consta protegia aquela família.
Observava a facilidade de como a harmonia fluía naquele lugar, ainda ouço as risadas.
Ela comprava uma sombra rosa bebê, uma moça tão paparicada que nenhuma maldade do mundo parecia capaz de atingi-la; era protegida demais para preocupar-se com as mazelas.
Seus desejos eram atendidos sempre. Ela não precisava de Goethe, Sartre, Fernando Pessoa para impressionar; sua magia enfeitiçava mais do que palavras difíceis.
Lembrarei dela em todos os sábados ensolarados, lembrarei dela e de todos os garotos que gostariam de beijá-la, lembrarei da sensação mais deliciosa e viciante que existe: ser uma garota mimada.



quinta-feira, 9 de julho de 2015

Não é Não

LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER.
O patriarcado e o machismo não passarão
As mulheres são livres, chega de morrerem nas mãos de machistas que se acham donos de seus corpos. Chega de violência.
Cantada não é elogio, é abuso verbal. É preciso lutar todos os dias contra a opressão.
LIBERDADE ! Poxa, em pleno 2015 ainda temos que escrever sobre isso.
Em pleno 2015 ainda é preciso explicar para o cara que ela não é vagabunda porque não te deu bola, que não é puta porque usa roupa curta. Ainda é preciso explicar, grafitar que a mulher usa a roupa que ela quiser e isso não um chamado para o estupro. CANSA, NÉ ? Mas continuaremos.

E quanto aos padrões da sociedade: essa é pra casar, essa não é, olha amigo: eu nem sei do que se trata.
Vai libertar sua mente.
E só para ressaltar: NÃO É NÃO !


domingo, 17 de maio de 2015

Tão comum

Indica um livro que você leu até o fim, um filme.Comente sobre uma exposição de arte, um sarau literário.
Fale um pouco o que achou de uma reportagem, um documentário.
O ballet do Bolshoi, os grandes diretores e roteiristas.
É preciso urgentemente sair dessa superficialidade, não seja mais um.
Assim, tão comum.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Sorriso !

O tempo era leve, tinha encanto e as horas gostavam de nós.
As horas tinham um certo afeto ao nosso olhar de criança, as horas eram cúmplices das nossas brincadeiras nas tardes bonitas.
Adormecer com os cantos dos pássaros, os latidos dos cães dos vizinhos, o barulho da oficina perto de casa, o cheiro das minhas plantinhas. Eu sabia que a vida acontecia, que os adultos tinham deveres, mas achava que tudo era bem tranquilo e que ninguém vivia agoniado; então eu suspirava fundo e adormecia.
Era de uma pureza, uma inocência bela e acreditava que todas as pessoas no final viravam estrelas de cinema. Não havia sofrimento no meu mundo infantil.
Achava que cheque era dinheiro e que minha mãe era rica porque tinha um monte de folhas em branco e poderia escrever o valor que bem entendesse.
Todas as noites de sábado eu dormia acreditando que os Domingos eram iguais aos comerciais de creme dental, em que as pessoas pulavam felizes na piscina ou mar e se abraçavam sorrindo (Sorriso !)
Adulta, aprendi que o mundo não é o comercial de creme dental e que sempre sentirei saudades das tardes suaves.
Eu achava que o mundo era feito de paz porque até hoje encontro paz na simplicidade. Doce inocência, doce sorriso.


domingo, 3 de maio de 2015

Gratificante ( e-mail )

É gratificante para uma escritora receber um e-mail de uma leitora falando sobre o que a sua escrita causou ao ler o livro, perguntando quando será o lançamento do próximo.
A intenção sempre será mesclar uma certa leveza com questionamento e reflexão sobre a vida. Libertar.
Sem deslumbramentos, não tenho isso.
Tenho é uma felicidade ao saber que minhas observações sobre o mundo de alguma forma geram reações.
Beijos.


sábado, 2 de maio de 2015

Um certo afeto - esperança

Eu sou mais poesia do que confronto,mais risada que baixo astral.
Posso doer inteira,mas carrego um desejo enorme de não causar danos.
Eu não sou mulher que lamenta,não sei perder.
Sei me livrar sem culpa,sem afeto.E sei ter afeto até não caber mais no peito.
Nunca me importei com rótulos,eu me importo com minha paz de espírito,de resto eu deixo as pedras rolarem.
Vivo mais reservada do que exposta; ando pela vida camuflada de esperança e raciocínio lógico.

domingo, 5 de abril de 2015

Machismo - Feminismo - Baladas


Ontem foi a saga da balada, que começou quando estacionei tentando evitar os exploradores que pedem dinheiro para olharem o seu carro.
Estacionei, o cara já veio impondo o valor: R$ 10,00 !
Não tenho R$ 10,00 ( imagine este valor por carro ). Tenho R$4,00 !
Ele ficou olhando para minha cara depois que entreguei o dinheiro, e eu muito da atrevida fiz um sinal do tipo: fala.
Quero saber o seu nome ,ele disse com aquela cara de tarado.
Aí pensei: mas mulher nem estacionar o carro sem ser explorada e assediada consegue.
Saí andando e comentei com o cara do Valet, muito atencioso disse: ele deve ter se encantado com você, mas fica esperta na hora de voltar.
Entrei, informei que meu nome estava na lista e fiquei esperando duas amigas sentada num sofá fofo.
Elas chegaram e lá fomos nós para a diversão: tequila, Pop Rock, Stella Artois, bolsa da amiga caindo no lixo do banheiro, cartão/comanda da amiga perdido e cancelado e mais risadas.
O que eu quero dizer com este texto ? Vou explicar:
Um grupinho de garotos chegavam cada vez mais perto de nós, com um espaço imenso na frente, eu já com cara feia. E lógico invocaram comigo. Uma amiga disse: com o pessoal que curte rock isso é difícil acontecer. Pois, é...acontece comigo rs
Alguns caras não respeitam espaço, querem é encostar na mulherada.
É aquele pensamento machista: vou encostando e se reclamar eu xingo, porque as mulheres são submissas e precisam ceder ( Colega, aí você já se ferra comigo ).
As moças solteiras estavam mais preocupadas com o meu decote do que com a diversão. Moças, eu uso a roupa que eu quiser e não estava lá para competir com ninguém por causa de macho, mas na cabeça e no olhar delas o ódio crescia.
Duas moças com os namorados saíram de perto depois de um tempo. Moças, eu nem vi a cara dos namorados de vocês. Quero todos felizes e unidos. Não briguem por macho.
Aí eu pensei: desde crianças fomos condicionadas a competição para agradar ao patriarcado. O feminismo aos poucos está libertando as mulheres dessa prisão mental e comportamental.
Queria de coração que aquelas moças um dia encontrassem alguém que dissessem isso à elas.
Me diverti na medida do possível, cantei as músicas dos Engenheiros que eu mais gosto, e quando os pés começaram a doer, eu fui pagar a minha conta.
Já na rua, o cara do Valet disse: " Moça, ele já foi embora. Acho que tem problemas, mandou até beijo para os manequins das lojas ".
Resumo: ainda tem cara que te respeita, tem cara que se ferra quando quer te encostar, tem aqueles que " olham " os carros com mentes de estupradores, tem meninas que ainda não conheceram o feminismo, tem escritora que lê sobre feminismo e vai pra balada contrariando o patriarcado.
E tem meu decote, SIM !

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Incredulidade

Eu não encontro outra forma de olhar para esse mundo que transborda prédios, indústrias, corredores, restaurantes granfinos, shoppings e mesmo assim é incapaz de me confortar quando fico confusa questionando todos os amores que vão embora como um trem bala.
Amores platônicos, amores de um olhar na fila do supermercado, amores que aconteceram e foram intensos.
Nas ruas congestionadas, nos elevadores, nas farmácias, boates, feiras, sempre haverá um olhar de desejo, um flerte ou um esbarrão em que o mundo para, e nós com essa velha e doce inocência acreditamos em encontros amorosos iguais a roteiros de cinema.
Roteiros maravilhosamente escritos e dirigidos, mas nesta vida absurdamente real, as cenas de romances ficam cada vez mais frias e meu cérebro elabora muitas perguntas sobre os relacionamentos e as pessoas.
Quando o céu fica cinza e as blusas de lã são retiradas das gavetas; também lembro de como seria perfeito romances no inverno e príncipes que vivem nas páginas dos livros de capa dura.
Então a reflexão fica mais intensa, porque inverno tem fim, a calmaria também, e eu pouco acredito em felicidade - casa de boneca. Logo surgem outras inquietudes que consomem minhas energias,palavras e certamente esqueço o roteiro perfeito.
Sempre que vejo um amor começando, já imagino e sofro com o fim.
Incredulidade de escritor.

terça-feira, 31 de março de 2015

Abraço


Eu queria ser trapezista e ir embora com o circo.
Eu queria era abraçar o mundo. Eu ainda quero abraçá-lo, só que agora disfarço melhor.
Gosto quando o vento da manhã encosta suave nos meus cabelos molhados.
Gosto de olhar pela janela e ver as lojas.
Gosto de ver a vida amanhecendo, as pessoas e seus trajetos.
Abraço o mundo observando.
Abraço o mundo quando danço.
Abraço o mundo quando interpreto.
O mundo me abraça quando estou no palco.
O mundo me abraça quando escrevo.


[ Setembro 2011 ]

sábado, 7 de março de 2015

A vida que escolhi

Deve ser uma conclusão precipitada ou equivocada, deve ser a minha realidade e os longos silêncios: as pessoas menos interessantes, normais, que pouco sonham e principalmente ousam a ponto de vivenciarem a montanha-russa de uma vida tão diferente como a minha; são as pessoas que sempre têm alguém para contarem como o foi o seu dia.
Na escola, olhava para o céu azul limpinho e questionava: é uma imensidão, e eu não serei mais uma nessa jornada.
Ele leu direitinho meus pensamentos nas cartas de tarot (...)



sexta-feira, 6 de março de 2015

" Grandes mulheres na literatura "

 Ribeirão Preto, 06 de Março de 2015

" Grandes mulheres na literatura ", acabei de chegar desse evento de extrema generosidade com suas homenageadas no Centro Cultural Palace.
Encontrar escritores queridos, ser acolhida com imenso carinho pela Vice e pela Presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, é sempre um presente.
O som dos violinos fizeram a minha noite de sexta-feira lírica, doce.
Requinte, eu amo. Eu mereço !



quarta-feira, 4 de março de 2015

Bastidores

O que ficará do tempo? O que ficará no tempo?
A pele não será mais a mesma, o corpo que absorve o cansaço de anos começará a dar sinais de esgotamento.Qual o propósito da vida?
O tempo é diferente para todos nas ruas, na praia,nas tardes silenciosas,noites estreladas.O que você fez com o tempo? O que eu fiz com o tempo ?
Aprendi que disciplina e anotar metas no papel,riscando o que já foi executado; exerce um efeito perfeito e calculado quando nos deparamos com os dias.
Para todo grande êxito,existem muitas escolhas e recusas nos bastidores da VIDA.



segunda-feira, 2 de março de 2015

Meu novo amor do Cinema - A Teoria de tudo

FINALMENTE fui assistir " A teoria de tudo ".
Dentro da sala aproximadamente 15 pessoas, para uma segunda-feira a tarde, estava ótimo. PERFEITO, silêncio.
O Ator Eddie Redmayne me encantou, me enfeitiçou no filme " Sete dias com Marilyn ", passei a ter um desejo acho que sexual por ele ( risos ). É verdade. Há tempos não me apaixonava por um ator de cinema.
No filme, " A teoria de tudo ", Eddie está tão genial, tão incrível e entregue.
Um personagem em que beleza, ego, sex appeal estão descartados, o que eu vi durante quase 2 horas de filme, foi um ator que entendeu seu personagem, vi um ator consciente, com um grande objetivo no subtexto: destacar-se dos demais.
Quanto ao conteúdo do roteiro adaptado, digo que chorei em algumas cenas, e que escrever um livro mesmo debilitado foi o que me calou.
Hoje fico quieta, introspectiva.

Eddie Redmayne,  o Oscar foi mais do que merecido.

domingo, 1 de março de 2015

Tela Mental

Ribeirão Preto, 27 de Fevereiro de 2015

Já passava das 16horas, e muito grata com mais um Job fechado, contrato assinado,eu voltava para a casa.
Atenta ao trânsito, quando começou tocar uma música do Jorge Vercillo no rádio do carro; o sinal fechou e a chuva estava moderada, o que deixou a Avenida Jerônimo Gonçalves e seus coqueiros nostálgica e linda. Enquanto o sinal não abria, o pensamento foi longe, a música embalava a cena, na minha tela mental os desejos viravam realidade.



sábado, 28 de fevereiro de 2015

O poema

Meu falecido tio era vendedor de livros, eu amava ir à casa dele, porque além de ser muito bem tratada e mimada, eu ficava folheando os livros infantis, as enciclopédias caríssimas na época, todos os livros que o tempo permitisse.
Observando meu interesse, ele disse: - Escolhe um livro.
Eu escolhi um livro de Curso Prático de Redação - Língua e Literatura de 256 páginas, e me apaixonei por um poema de Casimiro de Abreu. O primeiro poema que decorei aos dez anos de idade, não para citar, impressionar. Poema que eu decorei para a vida.


" Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais ! (...) "


[ Trecho do poema: Meus oito anos – Casimiro de Abreu ]


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Desajustados

Acostumados aos olhares tortos,ficavam fora da roda.
Eram os indesejados,os desajustados.Aqueles que confrontavam opiniões equivocadas e não levavam desaforos para seus quartos.
Buscavam o lado mais dolorido e denso da palavra,o que causava desconforto,porque só assim seriam diferentes e imbatíveis.
Os encontros aconteciam para a troca cultural,o embate.Muita música,literatura,obras de arte,teatro underground.
Artistas nada convencionais; mas o enfrentamento ao pensamento patriarcal e a quebra das regras era também uma forma de libertação. A arte o alimento principal, a seiva.
Sempre à beira do abismo.Línguas afiadas.Sonhos.







Imagem - Obra de Arte: Monet 







Meu Livro