O tempo era leve, tinha encanto e as horas gostavam de nós.
As horas tinham um certo afeto ao nosso olhar de criança, as horas eram cúmplices das nossas brincadeiras nas tardes bonitas.
Adormecer com os cantos dos pássaros, os latidos dos cães dos vizinhos,
o barulho da oficina perto de casa, o cheiro das minhas plantinhas. Eu
sabia que a vida acontecia, que os adultos tinham deveres, mas achava
que tudo era bem tranquilo e que ninguém vivia agoniado; então eu
suspirava fundo e adormecia.
Era de
uma pureza, uma inocência bela e acreditava que todas as pessoas no
final viravam estrelas de cinema. Não havia sofrimento no meu mundo
infantil.
Achava que cheque era dinheiro e que minha mãe era rica
porque tinha um monte de folhas em branco e poderia escrever o valor que
bem entendesse.
Todas as noites de sábado eu dormia acreditando que
os Domingos eram iguais aos comerciais de creme dental, em que as
pessoas pulavam felizes na piscina ou mar e se abraçavam sorrindo (Sorriso !)
Adulta, aprendi que o mundo não é o comercial de creme dental e que sempre sentirei saudades das tardes suaves.
Eu achava que o mundo era feito de paz porque até hoje encontro paz na simplicidade. Doce inocência, doce sorriso.
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