quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Os garotos da minha vida 3

É noite de sábado – eu acho que todas as pessoas com famílias normais pedem pizza e são felizes aos sábados.
A minha rua está vazia, choveu praticamente a tarde toda. Fico em paz quando chove.
A quietude da noite só me faz lembrar e sentir que sou a garota mais solitária da minha cidade. Ontem, por exemplo, estava com o Cristhian, hoje é silêncio e ausência – nada permanece, perdura – tudo é fulgás.
Conheci o Cristhian há dois anos numa festa, logo que terminou os estudos em Oxford; eu era a única que destoava do público alternativo daquele lugar com minha blusa de seda rosa. Ele gosta de Friedrich Nietzsche na mesma intensidade e admiração que gosto do escritor Caio Fernando Abreu; e quando ele tira a camisa, somente com a luz do computador iluminando a penumbra, posso ver a palavra " Zaratustra " tatuada em seu peito - é um êxtase intelectual e físico.
E lembro que meu ex-namorado deixava o livro “Assim falou Zaratustra” no seu criado-mudo.

Enquanto escrevo, vejo a cortina branca bailando com o vento que chega com a madrugada.

Silêncio e corpos,

L.


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